Se as rodovias são as “artérias” pelas quais passam as riquezas (pessoais e econômicas) do Estado de Santa Catarina, é inevitável a constatação de que essas artérias estão em estágio de entupimento crônico. Isso ficou muito claro nas últimas semanas em razão dos graves incidentes ocorridos na BR-101 (em especial no Morro dos Cavalos), somados às tragédias rotineiras na BR-282 e em outras rodovias federais que cruzam o Estado.
Não é um assunto que se resolve da noite para o dia, evidentemente, mas tampouco se pode mais tolerar que a falta de visão de longo prazo por parte dos governos e a insistente predileção pelo modal rodoviário continuem a expor o Estado ao risco de paralisia total no deslocamento dos cidadãos e no escoamento da produção — cenários esses que dominaram o noticiário na alta temporada e que certamente terão destaque nos próximos dias, dada a proximidade de mais um período festivo.
Nas últimas semanas o Governador Jorginho Mello aumentou o tom da cobrança junto ao governo federal por melhorias na infraestrutura de transporte do Estado. A medida é acertada e deve ser reforçada pelos setores produtivos. Nada mais sensato: a maneira anti-isonômica de que Santa Catarina é tratada pela União quando da destinação de verbas públicas (situação inversamente proporcional ao volume massivo de tributos federais recolhidos dos catarinenses) é algo simplesmente vergonhoso e que repercute, entre outras coisas, na saturação de nossas principais estradas federais.
Igualmente digno de vexame é o fato de um País com dimensões continentais como o Brasil dispor de uma malha ferroviária risível e que deveria ser melhor aproveitada, inclusive para fins de transporte de passageiros em longa distância.
Todavia, é não menos certo que o governo do Estado também precisa fazer a sua parte, intensificando ações de aprimoramento na malha viária de sua competência — a exemplo do que vem fazendo na SC-401, rodovia estadual mais movimentada — e ampliando-a com rotas e modais alternativos capazes de sustentar o desenvolvimento social e econômico que nos diferencia no cenário nacional.
Os setores produtivos, aqui representados pela FCDL/SC, exigem seriedade no trato deste importante tema, de modo a evitar que Santa Catarina simplesmente pare.
Onildo Dalbosco Junior
Presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas de Santa Catarina.